A Operação Creditum, deflagrada nesta quarta-feira (16), trouxe à tona um sofisticado esquema de fraudes em financiamentos de veículos de luxo, que envolveu concessionárias, “laranjas” e empresas de fachada. O esquema teria causado um prejuízo estimado em R$ 15 milhões e resultou na apreensão de mais de 40 carros de alto padrão, incluindo um Porsche 718 avaliado em R$ 800 mil.
Como funcionava o esquema fraudulento
O esquema girava em torno do uso de empresas laranjas para a aquisição de veículos com benefícios fiscais. Essas empresas, geralmente criadas ou controladas pelos investigados, eram usadas para solicitar financiamentos junto a bancos, alegando destinação empresarial para os veículos. Na prática, os automóveis eram adquiridos para uso pessoal ou revendidos a terceiros sem qualquer transferência formal de propriedade.
A fraude também envolvia a falsificação de documentos, ocultação de identidades dos verdadeiros donos e a colaboração de funcionários de instituições financeiras e concessionárias. Esses colaboradores facilitavam a aprovação dos financiamentos e a emissão de documentos, garantindo que os veículos fossem liberados sem levantar suspeitas.
Benefício fiscal: a peça-chave
As investigações apontam que o grupo se aproveitava de benefícios fiscais destinados a empresas, como isenção ou redução de impostos, para adquirir os veículos a preços reduzidos. Após a compra, os automóveis eram revendidos ou usados sem que os bancos fossem informados, violando os termos dos contratos de financiamento.
Segundo o superintendente regional da Polícia Federal no Amazonas, Domingos Sávio Pizon Rodrigues, “um terceiro interessado em comprar um veículo de luxo utilizava uma empresa laranja que era controlada pelos fraudadores. Posteriormente, o veículo era utilizado por esse terceiro, sem que fosse feita nenhuma transferência de propriedade.”
Impacto da operação
A Operação Creditum mobilizou 60 policiais federais e 15 servidores da Receita Federal para cumprir 15 mandados de busca e apreensão em Manaus, Manacapuru e no Rio de Janeiro. Além das apreensões, a investigação revelou o envolvimento de concessionárias de veículos de luxo, funcionários de bancos e outras pessoas ligadas ao esquema.
A fraude não apenas gerou um prejuízo financeiro significativo para as instituições financeiras e para o sistema tributário, mas também evidenciou a complexidade do esquema e a necessidade de reforço na fiscalização de financiamentos e benefícios fiscais. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e possíveis ramificações do esquema.
Os presos foram encaminhados à audiência de custódia e responderão por crimes como peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Enquanto isso, as autoridades esperam que as apreensões e investigações sirvam como um alerta para coibir práticas semelhantes no futuro.
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