No Amazonas, quase metade dos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) faltaram no primeiro dia de prova, realizado neste domingo (21). Conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a taxa de abstenção nas provas presenciais no Amazonas foi de 40,6%, a maior do país. No digital, a taxa de faltosos foi ainda maior, com 46% dos inscritos ausentes nas provas.
A média de faltosos no Brasil foi de 26%, segundo o Inep. Atrás do Amazonas na taxa de faltosos estão estados como Roraima, com 32,4%, Goiás, com 32,1% e Rondônia, com uma taxa de 31,7%.
Segundo o Inep, o Amazonas teve 77.578 inscritos para o Enem neste ano. Destes, 59,4% participaram das provas impressas. Já no formato digital foram 1.999 inscritos e participação de 54% dos candidatos.
De acordo com o professor de geografia e psicólogo Marcelo Dores, questões relacionadas a infraestrutura e transporte no estado podem ter influenciado a taxa de faltosos.
“Algumas questões estruturais tiveram influência nessa situação de faltas em nosso estado. Pessoas do interior têm a influência da necessidade de transporte, do acesso ao local de prova, diferenças no fuso horário. Nesse caso, não foi só a questão de não se sentir preparado, isso pode ter sido até um dos fatores, mas não o fator principal”, disse.
Para Marcelo, a pandemia também exigiu mais esforço dos alunos, que enfrentaram barreiras na rotina de estudos.
“Por conta da pandemia, os alunos tiveram que se esforçar um pouquinho mais, porque além das limitações naturais para trabalhar o conteúdo, ainda tivemos as barreiras colocadas por conta da pandemia, como o distanciamento, as aulas online, o que exige um esforço e concentração ainda maior. Tiveram que ter mais determinação”, disse.
Insegurança durante pandemia
Durante o domingo (21), o g1 esteve em escolas da capital e conversou com pais e candidatos que participaram do primeiro dia de provas. Eles relataram dificuldades na preparação para a prova ao longo do ano.
Além disso, estudantes afirmaram sentir dificuldades para elaborar textos relacionados ao tema da redação nesse ano, que abordou a invisibilidade e registro civil.
Após fazer a prova, a estudante Sthefanie Serrão, de 18 anos, relatou a dificuldade que teve para responder as questões. Ela contou que teve que refazer a rotina para conseguir estudar durante a pandemia.
“Foi bastante difícil estudar durante a pandemia, eu quase não estava conseguindo entender as matérias, porque eu entendo mais quando o professor está dando aula presencialmente e por isso tive dificuldade. Tive que ficar revendo aulas e repetindo e tive que me virar”, contou.