Com o triunfo da França, impulsionada pelo ligeiro Mbappé, 20, a última Copa do Mundo mostrou que um ataque veloz pode ser mais eficiente no futebol atual do que um metódico, baseado na troca paciente de passes. Tite não abriu mão dos toques, mas tem agora a ideia de uma seleção brasileira mais vertical, com jogadores com a característica de correr na direção do gol.
Não à toa, o trio de ataque provavelmente escalado na partida desta quarta-feira (5), contra o Qatar, em Brasília, é formado por aqueles que dividem a artilharia do time nacional após a última Copa do Mundo. Richarlison, 22, Gabriel Jesus, 22, e Neymar, 27, têm três gols cada um no período e serão os responsáveis por colocar em prática o novo plano do treinador.
“Tu usa jogadores de lado que sejam agudos, que sejam incisivos, verticais, da finalização. E procura criar para esses jogadores”, afirmou Tite, que pensou nesse modelo com Roberto Firmino, 27, de centroavante, mas ainda não pode contar com o jogador, campeão europeu com o Liverpool no último sábado (1º).
Firmino gosta de sair da área para participar da articulação das jogadas. Na cabeça do treinador, isso abre espaço para quem parte da ponta preencher o espaço. Já Jesus, escalado como titular na ausência de Firmino, também busca sempre o gol e vai procurar mostrar ao chefe que pode ser ainda mais apropriado para a nova ideia de jogo.
Esteja quem estiver no comando do ataque, a orientação será para os homens dos lados “pisarem na área”, como costuma dizer Tite. Mesmo com todos os problemas que o rodeiam, o “imprescindível” Neymar é aquele que parte da esquerda. A outra vaga fica com Richarlison, David Neres, 22, ou Everton, 23, com o primeiro começando a disputa em vantagem.
Richarlison atuou em todas as partidas da seleção desde o Mundial. Seu principal concorrente é Neres, que jogou em apenas uma. O jovem do Ajax terminou a temporada em alta e oferece algo que o rival pela vaga não tem. “Ele também é agressivo, não com tanta finalização, mas com o lance pessoal, o um contra um, o drible”, descreve Tite.
Para que a ideia funcione, porém, é necessário que a criação tenha qualidade. Vindo de um ano decepcionante no Barcelona, Philippe Coutinho, 26, tem a batuta no meio-campo e conta com a ajuda dos volantes, os bons passadores Casemiro, 27, e Arthur,22, para fazer o time andar.
O time marcou 16 vezes nas oito partidas pós-Copa, mas a média de dois gols por jogo é impulsionada pela vitória por 5 a 0 sobre a fraca equipe de El Salvador. Contra o também fraco Panamá, a formação pentacampeã mundial não conseguiu nada além de um empate por 1 a 1.
A ideia é apresentar muito mais na Copa América, mesmo sem a preparação ideal. Tite só terá seu grupo completo sete dias antes da estreia, marcada para 14 de junho, contra a Bolívia, no Morumbi, mas já quer ver seu plano em ação nesta quarta (5), contra o Qatar. Em busca do primeiro título na seleção, Tite aposta em ataque agressivo.