Impacto das Declarações de Lula no Mercado Cambial
O dólar sobe e vai a R$ 5,68 nesta terça-feira (2), após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar o Banco Central do Brasil (BC). As recentes declarações de Lula, afirmando que há um “jogo de interesse especulativo” contra o real, repercutem entre os investidores. Durante entrevista à Rádio Sociedade em Salvador (BA), Lula expressou que a alta do dólar após suas críticas ao BC e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, “não têm explicação”.
No dia anterior, Lula afirmou que o próximo presidente do Banco Central deve olhar para o Brasil “do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”. Após esses comentários, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,6527, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022.
Em discurso noturno, Lula declarou que não deve satisfações a “banqueiros” ou “ricaços”, mas sim ao povo pobre do país. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta, impulsionado pelas ações da Vale e Petrobras.
30 Anos do Real: Uma Retrospectiva
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 11h30, o dólar subia 0,45%, cotado a R$ 5,6784. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6869. No dia anterior, o dólar teve alta de 1,15%, cotado a R$ 5,6527. Com o resultado, acumulou:
- Avanço de 1,15% na semana;
- Ganho de 1,15% no mês;
- Alta de 16,49% no ano.
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,26%, aos 125.047 pontos. Na véspera, o Ibovespa teve alta de 0,69%, aos 124.765 pontos. Com o resultado, acumulou:
- Alta de 0,69% na semana;
- Ganhos de 0,69% no mês;
- Perdas de 7,02% no ano.
A Influência das Declarações de Lula no Banco Central
Os olhos do mercado estão voltados para as declarações do presidente Lula em relação ao Banco Central, seu presidente e a condução da política monetária do país. Hoje, Lula afirmou que “não se pode inventar crises” e “jogar a culpa” da disparada do dólar nas declarações que ele deu.
“É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Eu tenho conversado com as pessoas sobre o que vamos fazer. Estou voltando quarta-feira, vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo”, argumentou Lula.
Ele também voltou a falar sobre a autonomia do BC, defendendo que a instituição deve operar sem pressões políticas e que Campos Neto tem um viés político.
A Autonomia do Banco Central: Perspectivas Futuras
“A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fique vulnerável às pressões políticas. (…) Quando você é autoritário, você permite que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado.”
Nesta segunda, Lula já havia mencionado que o próximo presidente do BC deve olhar para o Brasil “do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala”.
“Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso”, afirmou Lula, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, destacou Lula, acrescentando que “quem quer BC autônomo é o mercado”.
Vale lembrar que o mandato de Campos Neto termina em 2024 e, desde 2021, a legislação brasileira garante a autonomia do BC, permitindo que tome decisões sem interferência política. No entanto, Lula declarou que indicará para a presidência da instituição alguém comprometido com o crescimento do país.
A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República, com um novo presidente assumindo o BC no terceiro ano de mandato de cada presidente da República.
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