A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 12/12, a Operação Papel Carbono, que investiga um doleiro responsável por gerir um esquema de operações de câmbio não autorizadas que chegava a usar nomes de pessoas falecidas. Agentes da PF estiveram nesta manhã na casa de câmbio, “Amazônia Câmbio”, que funciona dentro do Edifício Antônio Simões, na avenida Sete de Setembro, no Centro de Manaus, desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira (12).
De acordo com o delegado João Marcelo Uchôa, chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF, tanto a casa de câmbio quanto o doleiro alvo da operação já haviam sido investigados anteriormente. Em 2004, a Operação Farol da Colina, realizada em Foz do Iguaçu (PR), descobriu um outro esquema de envio de valores ao exterior, em uma quantia estimada de US$ 24 bilhões. O doleiro e sua casa de câmbio foram alvos dessa operação.
O esquema de câmbio ilegal, conhecido como “câmbio paralelo” e “dólar-cabo”, movimentou ilegalmente aproximadamente US$ 114 milhões de dólares. Esse tipo de operação consiste na troca de moeda estrangeira sem a devida documentação ou recolhimento de impostos, além da transferência de dinheiro para o exterior sem conhecimento do Banco Central. A autoridade policial disse em coletiva imprensa que no esquema criminosa eram usados CPFs de pessoas falecidas.
“Qualquer operação de cambio precisa ser comunicada ao Banco Central, só que ele se utilizava de alguns artifícios para informar a venda ou a compra de moeda estrangeira. Por exemplo, ele realizava operações simuladas, o Banco Central identificou que ele adquiriu e vendeu moeda estrangeira a pessoas com o CPF cancelado, falecidas. Outro muito comum, identificado pelo BC foi o fato das operações terem sido realizadas para pessoas que não residem nos locais onde a empresa funciona e nem nas suas correspondentes cambiais, assim como venda de moeda em valores quebrados como 0 e 5, que é muito incomum”, disse.
Ainda segundo o delegado, a casa de cambio foi fechada. “Foi determinado a suspensão das atividades dessa casa de cambio e de 38 correspondentes cambiais pelo prazo de 180 dias até que seja apurada a participação da forma como foram realizadas essas condutas criminosas“, afirmou.
Inicio da operação
As investigações que levaram à Operação Papel Carbono tiveram início em novembro de 2019, após uma abordagem feita por policiais federais no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Na ocasião, o investigado tentou ocultar a quantia de R$ 150 mil em espécie em uma mala. O dinheiro estava encoberto por revistas e papéis carbono, possivelmente como forma de esconder o conteúdo quando submetido à inspeção por raio-X.
A Operação Papel Carbono faz parte dos esforços da Polícia Federal no combate ao câmbio ilegal e outras atividades financeiras ilícitas. A atuação da PF nesse sentido é fundamental para a preservação da integridade do sistema financeiro e para o combate à lavagem de dinheiro.
O câmbio ilegal representa uma ameaça tanto para a economia quanto para a segurança do país. Ao movimentar recursos de forma ilegal, evitando o recolhimento de impostos e burlando as regulamentações do Banco Central, os envolvidos nesse tipo de atividade contribuem para a fragilidade do sistema financeiro e para a possível utilização desses recursos em atividades criminosas.
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