No início desta quarta-feira (26), o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, e por consequente, na América Latina. O paciente é um homem de 61 anos com histórico de viagem para a Itália, de 09 a 21 de fevereiro. O país europeu já registra 12 mortes pela doença e mais de 300 infectados, com última atualização nesta quarta. Em live nas redes sociais, o Ministério da Saúde confirmou o caso nesta manhã. Segundo a pasta, o homem passou por dois testes, o primeiro no Hospital Albert Einstein e o segundo no Instituto Adolfo Lutz, ambos em São Paulo. Com a possibilidade de um contágio de pessoas que entraram em contato com o primeiro paciente e a considerar que o primeiro caso se deu na semana da maior festa popular do país, o Carnaval, é importante saber quem está mais suscetível e quais os sintomas mais graves do coronavírus.
Além do primeiro caso confirmado, há ainda no Brasil, outros 20 suspeitos no país, assim distribuídos:Paraíba (1), Pernambuco (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11). Outros cinquenta e nove pacientes suspeitos já receberam o resultado negativo para o coronavírus.
Quando os primeiros registros da doença surgiram pelo mundo, ainda em dezembro de 2019, na China, muito especulou-se sobre a possibilidade de ele se espalhar pelo Brasil, um país de clima tropical. “De maneira geral, os vírus causadores de infecções respiratórias, como influenza, coronavírus e metapneumovírus, tendem a ter maior capacidade de contágio e disseminação em regiões com temperaturas mais baixas e em locais com maior aglomeração de pessoas. Logo, as altas temperaturas e o clima predominantemente tropical do Brasil e de Manaus podem sim ter alguma influência na dificuldade de transmissão. Mas, isso é uma hipótese que ainda é estudada”, comenta Luciana Duarte, médica Infectologista do Grupo América e Sistema Hapvida.
Segundo a especialista, a possibilidade de o calor dificultar a transmissão do vírus não é motivo para baixar a guarda. “Não é certeza, e, portanto, as pessoas não devem diminuir o alerta e os cuidados básicos para evitar transmissão do vírus”, ressalta.
Por outro lado, o médico infectologista Fernando Chagas destaca a umidade da região amazônica. “O calor é ruim para o vírus, e inclusive se estiver num ambiente de 50º C, ele já se desestrutura. Mas, a umidade da região, por sua vez, pode favorecer as doenças respiratórias, dentre elas o coronavírus”, afirma o profissional do Grupo América e Sistema Hapvida.
Prevenção
O novo vírus que surgiu em Wuhan, na China, é transmitido pelo ar e contato, até onde se sabe. Não apenas, mas já existem pesquisas que indicam a possibilidade de transmissão pelo ambiente. Por isso, especialistas apontam os principais cuidados para evitar o coronavírus e outras doenças respiratórias.
“Os cuidados de prevenção de doenças infectocontagiosas devem sempre fazer parte do dia a dia de qualquer indivíduo, em qualquer época. Atualmente, com os casos registrados do coronavírus, algumas medidas têm sido reforçadas e se estendem à prevenção de qualquer infecção que tenha como formas de contatos as vias respiratória, fecal-oral e contato”, orienta a infectologista Luciana Duarte.
Confira abaixo os principais cuidados:
•Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
•Realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente;
•Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
•Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
•Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
•Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
•Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
•Manter os ambientes bem ventilados;
•Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
•Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Sintomas
A Organização Mundial da Saúde acenou esta semana para uma possível pandemia mundial de coronavírus. O Brasil agora faz parte dos 23 países onde já surgiram casos da doença. Na China, epicentro do surto, profissionais observaram como age o vírus. “A maioria dos indivíduos evoluem o coronavírus como se fosse um resfriado e se recuperam espontaneamente, apenas com medidas básicas de suporte, como hidratação e sintomáticos. Todavia, uma parcela dos indivíduos pode ir por outro caminho, o da doença grave. Nesse caso, pacientes apresentam insuficiência respiratória (falta de ar) seguida de morte” comenta a infectologista Luciana Duarte.
Por sua vez, Fernando Chagas diz que a falta de ar acontece porque o pulmão fica preenchido com substâncias inflamatórias geradas pelo vírus. “Isso faz com que a pessoa entre em hipóxia, que é a falta de oxigênio no sangue. Com isso, a morte vem por sufocamento, e esse é o principal sintoma para se ficar atento”, orienta o médico.
Sobre a letalidade do vírus, tudo ainda é estudo, mas o que se demonstra até então é que cerca de 20% das pessoas infectadas podem evoluir para os sintomas graves. Além disso, 2% a 3% das vítimas que contraem o vírus acabam morrendo. A informação é da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Quem está mais suscetível
Especialista convêm na mesma opinião. Pelo que se sabe até o momento, qualquer pessoa está suscetível ao coronavírus, uma vez que a circulação entre humanos tem início recente, e teoricamente, as pessoas ainda não possuem imunidade ao covid-19. No entanto, determinados grupos estão mais suscetíveis ao contágio e ao desenvolvimento mais grave da doença.
“Quem tem o risco maior de desenvolver pneumonia, por conta do vírus, são idosos; pessoas com doenças cardíacas; diabéticos; autoimunes; pessoas em tratamento com quimioterapia; e de portadores de HIV”, indica o Dr. Fernando.