Em um movimento estratégico de peso, a CNT (China Nonferrous Trade Co. Ltd.), subsidiária da China Nonferrous Metal Mining Group Co., anunciou a aquisição da maior reserva de urânio do Brasil, localizada em Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas. O acordo foi fechado na madrugada desta terça-feira (26), marcando um capítulo significativo na exploração de recursos naturais brasileiros por empresas estrangeiras.
Localização estratégica e riqueza mineral
A reserva, situada a apenas 107 km de Manaus pela BR-174, é reconhecida por sua riqueza em urânio, além de outros minerais estratégicos como tântalo, nióbio, estanho, tório e terras raras. Estes elementos têm alta demanda global para usos industriais, militares e tecnológicos, como a fabricação de foguetes, satélites, baterias e turbinas de motores a jato.
Embora o urânio brasileiro seja utilizado predominantemente (99%) como combustível em usinas nucleares, a presença de metais críticos e estratégicos na mina de Pitinga amplia ainda mais a relevância geopolítica do negócio.
Detalhes do acordo
A operação foi comunicada no início da tarde do mesmo dia pela Mineração Taboca, empresa que explorava a mina desde 1969. A mineradora afirmou ter transferido 100% de suas ações para a CNT, em um processo coordenado pela Minsur S.A., empresa peruana que controlava a Taboca.
Em comunicado, a Taboca declarou que o momento representa “uma oportunidade de crescimento” e destacou o caráter estratégico da transação. A operação já foi registrada nas bolsas de valores de Pequim e Lima, demonstrando o impacto internacional do negócio.
Impacto para o Brasil e para o Amazonas
A aquisição levanta preocupações sobre a soberania e o controle brasileiro sobre seus recursos minerais críticos. Apesar da relevância estratégica da mina de Pitinga, não há registros de estudos oficiais recentes do governo brasileiro sobre o potencial mineral da área, uma lacuna que agora favorece a exploração estrangeira.
Por outro lado, o governo do Amazonas destaca o potencial de investimentos que o novo controle chinês pode trazer para a região, embora não tenha emitido um posicionamento detalhado sobre o impacto ambiental ou econômico do negócio.
A compra da maior reserva de urânio do Brasil por uma estatal chinesa reflete o interesse da China em consolidar sua posição global no mercado de minerais estratégicos. Enquanto isso, o Brasil se vê como exportador de matérias-primas, cedendo o controle de ativos valiosos que poderiam ser utilizados para o desenvolvimento interno de tecnologias de ponta.
Cenário global e implicações futuras
O domínio chinês sobre recursos estratégicos tem implicações profundas. Além de fortalecer sua posição geopolítica, a China amplia seu controle sobre cadeias de suprimento críticas em um contexto de tensões globais crescentes.
Especialistas alertam que o Brasil, ao permitir a transferência de reservas estratégicas para estrangeiros, corre o risco de comprometer sua autonomia industrial e militar no longo prazo. Por outro lado, o potencial de parcerias e investimentos decorrentes do acordo pode impulsionar a economia regional, caso gerido com planejamento estratégico.
A transação coloca novamente o Brasil no centro das discussões sobre o equilíbrio entre atração de capital estrangeiro e proteção de seus recursos naturais.
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