Os números de violência contra a mulher dispararam. As denúncias recebidas pelo Ligue 180, a central de atendimento à mulher, aumentaram 36,8% no primeiro bimestre deste ano quando comparado ao mesmo período de 2018. Somente em janeiro e fevereiro, foram recebidas 17.836 queixas.
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, classificou os números como “assustadores” e disse que “os casos se tornaram endêmicos no país”. “Nesta nação os números de violência ainda nos assustam. Essa nação ainda será conhecida como aquela que se levantou para proteger a mulher, meninas e a todos”, destacou a ministra.
As principais agressões registradas são de cárcere privado, feminicídio, trabalho escravo, tráfico de mulheres, violência física, moral, obstétrica e sexual. “Cheguei à conclusão que precisamos ir para as salas de aula ensinar os nossos meninos que nossas meninas precisam ser amadas e respeitadas. Que elas são iguais em direitos e oportunidades”, ponderou Damares. A ministra emendou. “Vamos ensinar nossos meninos a levarem flores para as meninas, por que não?”
A ministra deu a declaração durante a assinatura do acordo de cooperação técnica para estabelecimento de políticas públicas de combate à violência doméstica e familiar. Essa é uma parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública e o da Mulher, Família e Direitos Humanos.
A ministra disse que as ferramentas de defesa da mulher necessitam de reestruturação. “Não adianta ter tornozeleira, se a rede de proteção não está funcionando. Não adianta a cidade ter uma excelente delegacia da mulher se a vara de defesa não está funcionando. Temos que rever toda a rede de proteção à mulher nesta nação”, criticou.
Mesmo com histórico religioso – ela é pastora -, Damares atacou líderes religiosos. “Chega de sacerdotes receberem na igreja mulheres que apanharam e eles somente orarem por elas e mandarem perdoar o agressor. Eles terão que assumir um papel de mudança”, finalizou.
Ação conjunta
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chamou a atenção para o uso de instrumentos de combate à violência. Existem cerca de 250 tornozeleiras eletrônicas no país, sendo que 2,8% são utilizadas para casos de violência contra a mulher. “A ideia é avaliar a política pública e incentivar a utilização do instrumento de proteção da mulher em casos de violência doméstica”.
A intenção do ministro, ele destacou, é unificar ações de atendimento e proteção a mulheres vítimas de violência, além de fomentar o tratamento dos agressores que estejam no sistema prisional, monitorados por tornozeleiras eletrônicas ou em cumprimento de penas alternativas.
Em 30 dias, as pastas devem apresentar o cronograma com metas e atribuições de cada órgão. O acordo terá duração de dois anos.
Uma das ações cotadas para ajudar no combate a este tipo de crime é o treinamento de profissionais como maquiadores, manicures, cabeleireiros e depiladores para observar marcas, como hematomas, arranhões, e também abalos psicológicos, como depressão e medo. Eles poderão orientar na busca pela ajuda e estimular a denúncia.
Damares aproveitou o Dia Internacional Mulher para lançar um vídeo institucional alusivo à campanha #SalveUmaMulher, de combate à violência doméstica.