Nesta sexta-feira (31), o delegado Cícero Túlio, titular do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), realizou uma coletiva de imprensa para divulgar detalhes das prisões preventivas dos empresários Ademar Cardoso Neto, 29 anos, e Cleusimar Cardoso, 53 anos, ocorridas na quinta-feira (30). Ambos são irmão e mãe da empresária Djidja Cardoso, 32 anos, falecida recentemente, e foram apontados como líderes de uma seita intitulada “Pai, Mãe, Vida”.
A operação policial, conduzida pelo 1º DIP, desmantelou uma organização que, segundo as autoridades, estava envolvida em uma série de atividades ilícitas.
“Essa seita que foi criada por essa quadrilha, denominada ‘Pai, Mãe, Vida’ era administrada por essa família, inclusive a própria Djidja Cardoso era investigada, por participação nessa seita e com a morte dela acabou sendo o estopim para que a gente pudesse realizar as representações em relação ao caso. Essa seita já existe há algum tempo e é praticado vários rituais por parte dessa família , que induzia e cooptava pessoas principalmente do convívio e funcionários dessa empresa induzindo essas pessoas a se vincularem a seita”, disse o delegado.
Personagens bíblicos
Segundo as investigações, a seita se baseava em um sistema hierárquico bizarro e manipulador. Ademar Cardoso Neto era considerado a figura de Jesus na Terra, Cleusimar assumia o papel de Maria, e Djidja Cardoso era Maria Madalena.
Ademar baseava suas práticas no livro “Cartas de Cristo”, que mostra cartas “psicografadas” pelo próprio Jesus Cristo para uma mulher inglesa, desde o ano 2000. Ele promovia o uso de ketamina, drogas alucinógenas e meditação como caminhos para o autoconhecimento e experiências espirituais.
Investigações e denúncias de estupros
As investigações, que começaram há aproximadamente 40 dias, foram iniciadas após a polícia receber denúncias sobre práticas de cárcere privado, estupro e até um possível aborto forçado. Essas denúncias levaram a uma investigação minuciosa, que revelou uma rede de atividades criminosas vinculadas à seita.
“Essa investigação tem aproximadamente 40 dias, tínhamos conhecimento a partir de noticias que foram veiculadas na nossa unidade policial a cerca da existência de fatos de cárcere provado, estupro e um possível aborto que seria praticado por um membro dessa seita em uma de suas ex-companheiras com a utilização justamente desse tipo de produto”, declarou o delegado.
Durante o decorrer das investigações, os policiais identificaram pelo menos duas vítimas que teriam sido mantidas sob cárcere privado e teriam sido estupradas sucessivas vezes por participantes da seita, durante vários dias, mantendo as vítimas despidas e sem tomar banho durante todo período, resultando no aborto de uma das vítimas, que estava gestante.
“Em relação a irmã [Djidja Cardoso] a gente não tem essa informação [de estupro], mas outras duas pessoas já relataram essa situação de estupro, principalmente pelo fato de terem sido dopadas durante o ato sexual e não se lembrarem sobre aquilo. Algumas delas permaneceram despidas por vários dias sem sequer tomar banho, uma situação de cárcere provado, inclusive, no momento que adentramos a residência o cheiro de podridão era muito forte”, declarou.
Uso de Ketamina e rituais
Um dos aspectos mais perturbadores da investigação foi a descoberta do uso de ketamina, um anestésico veterinário, nos rituais da seita. A ketamina, que é utilizada para anestesiar cavalos e outros animais de grande porte, era administrada aos seguidores para induzir um estado de transe.
“A partir de então começamos a puxar o fio da meada e identificamos uma clínica veterinária que seria responsável por realizar o fornecimento desses produtos, e a partir de então todo esse mês a gente conseguiu levantar informações que levavam a existência de uma seita que teria sido criada por essa família, e que essa seita tinha uma rede de salões de beleza, e induziam seus funcionários e pessoas da sua proximidade, a consumir a se injetar com esse tipo produto, a ketamina, um fármaco utilizado pra anestesiar cavalos e animais de grande porte, mas era usada por essa quadrilha para que as pessoas pudessem entrar numa espécie de transe, afim de que, segundo eles mesmos em depoimento, transcender a uma outra dimensão”, disse o delegado.
A deputada estadual e médica veterinária Joana Darc (União Brasil) resgatou nesta sexta-feira (31) os animais domésticos da ex-sinhazinha do Garantido, Djidja Cardoso. Há denúncias relatando que as cobras eram usadas nos rituais e em dado momento estranguladas.
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