O Instituto Butantan informou nesta sexta-feira (23) que pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permissão para começar a testar a vacina ButanVac em seres humanos. O instituto também iniciou a produção da vacina em sua fábrica.
Dimas Covas, presidente do Butantan, afirmou que os pedidos são para testes de fases 1 e 2, que têm como objetivo verificar se as substâncias são seguras e se tem capacidade de promover uma resposta imune. Ele disse também que a documentação completa foi enviada à agência para que os testes possam começar o mais rápido possível.
“Submetemos hoje, aguardamos agora o parecer da Anvisa. Esperamos que isso ocorra dentro do mais curto espaço de tempo possível dado a urgência do momento“, afirmou.
Covas reafirmou que a vacina é produzida inteiramente no Brasil e que “não depende da importação de nenhuma matéria prima“. Caso seja eficaz contra o coronavírus e segura para seres humanos, a produção pode ser facilitada por não precisar da importação de insumos.
O presidente do Butantan afirmou que espera que o estudo clínico seja realizado em 20 semanas. Quando a vacina foi anunciada, o objetivo era começar os testes em humanos ainda em abril, mas a Anvisa precisou pedir mais informações ao instituto. Agora, Covas afirma que a documentação completa foi submetida.
A ButanVac começou a ser pesquisada em março de 2020. O Ministério da Saúde não patrocinou os estudos, que foram realizados com recursos do próprio Butantan e do governo do Estado de São Paulo. Mas o Estado não vai comprar lotes do imunizante de forma individual. A vacina será oferecida ao governo federal antes de serem celebrados contratos individuais de compra e de exportação para outros países.
Doria declarou, em entrevista concedida em 26 de março, que o imunizante “é a 1ª vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan”. Horas depois, o jornal Folha de S.Paulo divulgou uma reportagem contestando a informação.
A ButanVac usa como vetor a variante da doença de Newcastle. A tecnologia para produzir vacinas com esse vírus específico é do Instituto Mount Sinai, dos Estados Unidos. O fato foi omitido no anúncio feito pelo Butantan e pelo governo de São Paulo.
Só depois da publicação da notícia da Folha, o Butantan admitiu ter “parceria e a licença de uso e exploração de parte da tecnologia que foi desenvolvida pela Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai de Nova Iorque, para obter o vírus”.
A expectativa é encerrar todos os testes e ter 40 milhões de doses da ButanVac até o fim de 2021. Se aprovada, Covas afirma que a vacina pode fazer a diferença no combate à covid-19 no Brasil. “É uma vacina que pode fazer a diferença a partir do 2º semestre“, disse nesta 6ª feira (23.abr).