O governo brasileiro manteve sua posição de não reconhecer a vitória do autocrata Nicolás Maduro nas recentes eleições presidenciais da Venezuela, a menos que as atas de votação sejam tornadas públicas. A crise venezuelana ganhou novo impulso na quinta-feira (23), quando o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela ratificou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.
A decisão judicial, que veio em meio a alegações de fraude e falta de transparência, determinou que as atas eleitorais, tanto do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) quanto as obtidas pela oposição, permaneçam em sigilo.
Para o governo brasileiro, a falta de transparência compromete a legitimidade do resultado. “Nas condições atuais, não há como reconhecer o resultado das eleições”, afirmou uma fonte do governo, confirmando a necessidade de que as atas sejam divulgadas para qualquer forma de reconhecimento oficial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está previsto para discutir a crise venezuelana com o presidente colombiano, Gustavo Petro. As conversas entre os dois líderes ainda não têm uma data definida, dependendo das agendas de ambos. A estratégia é que Brasil e Colômbia unam forças para exigir publicamente a divulgação das atas e definir uma posição conjunta sobre a situação.
A decisão do Supremo Tribunal da Venezuela não surpreendeu observadores internacionais, dado o histórico de controle do regime sobre o Judiciário. A oposição venezuelana e várias organizações internacionais, incluindo a Fundação Carter, que é reconhecida por seu trabalho em defesa da democracia, também questionam a integridade do pleito.
A Fundação Carter criticou a eleição, afirmando que o processo não foi limpo ou justo. As denúncias incluem alegações de que o CNE anunciou uma vitória de Maduro com pouco mais da metade dos votos, sem divulgar números completos, enquanto a oposição divulgou que seu candidato, Edmundo González, teria recebido 67% dos votos em uma amostra de 83% das urnas.
O Brasil e a Colômbia, ao articular uma resposta coordenada, buscam pressionar por maior transparência e responsabilização na Venezuela, em um esforço para garantir a integridade do processo eleitoral e fortalecer a democracia na região.
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