A manhã de segunda-feira ficou marcada pela emoção. Bombeiros militares de Santa Catarina se reuniram em São José, na Grande Florianópolis, para prestar as últimas homenagens e se despedir do cão Barney, que atuava em busca e salvamento na corporação e morreu em serviço na semana passada. O corpo de Barney, que foi cremado, foi localizado após quase dois dias de buscas em um rio em Içara, no Sul do Estado.
O cachorro tinha três anos de vida e há um ano e meio havia recebido o certificado de conclusão de treinamento. Conforme o tenente Ian Triska, que responde pela comunicação dos Mombeiros, as cinzas de Barney ficarão com o soldado Luciano Rangel, que era binômio do labrador guarda-vida. Antes de morrer, o cão já ficava sob os cuidados dele.
Soldado Rangel ganhará outro cão
Durante a cerimônia foi anunciado ainda que, quando estiver bem, o soldado Rangel vai receber outro cão para seguir atuando em buscas e salvamento. Conforme a assessoria dos Bombeiros, o novo animal deve vir dos Estados Unidos e terá linhagem de busca e salvamento. Por hora, o binômio de Barney passa por apoio psicológico.
A cerimônia começou por volta das 11h, em um crematório de animais em Praia Comprida, São José, e durou cerca de meia hora. Em fotos divulgadas pelo Corpo de Bombeiros, é possível ver que, sobre o caixão de Barney, foram colocadas as bandeiras Santa Catarina e de Lages. Coroas de flores também foram levadas ao local, como forma de prestar uma última homenagem ao cão herói.
Avô de Barney, labrador Ice foi levado até a cerimônia
Avô de Barney, o labrador Ice, primeiro cão guarda-vidas do país, também foi levado para a cerimônia. Ice foi aposentado em dezembro do ano passado, após uma infecção na próstata. Ele integrou o Corpo de Bombeiros por quase uma década.
Os outros nove cães de busca e salvamento do Corpo de Bombeiros de SC também foram levados até o local para participar da despedida.
Cães são tratados como bombeiros militares
O tenente Triska diz que os cães de busca dos Bombeiros são tratados como agentes militares, assim como os demais bombeiros. Pondera que, em caso de morte, é direito dos agentes serem velados com honras militares.
Triska ressalta que, no caso de Barney, é evidente que não foi cumprido todo o protocolo como se segue no caso de humanos. Mas que a homenagem prestada ao cão nesta segunda-feira foi justa e teve como objetivo reconhecer o trabalho que prestou para a população.
O tenente ainda salienta que a homenagem não é apenas para o cachorro que se foi, mas também para o binômio que criou o animal. E igualmente para a corporação, que, no caso de Santa Catarina, desempenha o serviço com destaque e é referência nacional.
Por fim, Triska ainda esclarece que os bombeiros pagam toda a ração e fornecem apoio veterinário aos cães de busca e resgate. Porém, os animais ficam na casa dos bombeiros militares que trabalham com esses cães e não nos quartéis.
Barney morreu em serviço
Barney estava lotado no 5º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM) em Lages, na Serra, mas atuava em salvamentos em vários pontos do Estado. Na última quinta-feira, estava em missão no interior de Içara, quando submergiu depois de entrar em um rio.
Segundo os Bombeiros, o cachorro teria mergulhado para apontar o local onde estaria a vítima desparecida, mas não retornou à superfície.
Barney era treinado para busca e auxílio em salvamento e resgate de pessoas nas mais variadas situações. Na tragédia de Brumadinho, em fevereiro deste ano, o cão e o soldado bombeiro militar Luciano Rangel integraram a equipe que atuou no resgate de vítimas do rompimento da barragem da Vale em Minas Gerais.
De acordo com Triska, no momento das buscas que acabaram resultando na morte de Barney, o cão estava em um bote e latiu para indicar que sentiu um odor diferente. Segundo o bombeiro, por via de regra, não é exigido que o cão pule na água e mergulhe, mas que, como para os animais essa rotina é encarada como uma grande brincadeira, Barney acabou pulando no rio.
Fonte: NSC Total