Com a reforma da Previdência enfrentado dificuldades, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) busca costurar alianças no Congresso para que as mudanças na aposentadoria passem com tranquilidade e poucas alterações no texto original. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que está à frente do processo, ameaça deixar o governo se tudo não sair como planejado. Para Bolsonaro, ninguém é obrigado a ficar na Esplanada dos Ministérios.
Apesar de o clima ter ficado tensionado entre Bolsonaro e Guedes nessa sexta-feira (24/05/2019), o chefe do Palácio do Planalto afastou qualquer ruptura e culpou a imprensa pelo mal-estar. “Peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre eu e Paulo Guedes”, escreveu no Twitter.
Peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre eu e Paulo Guedes. Nosso casamento segue mais forte que nunca kkkkk. No mais, caso não aprovemos a Previdência, creio que deva trocar o Min. da Economia pelo da Alquimia, só assim resolve.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 24, 2019
O presidente ainda ironizou os entraves enfrentados pelo governo. “Nosso casamento segue mais forte do que nunca. No mais, caso não aprovemos a Previdência, creio que deva trocar o ministro da Economia pelo da Alquimia, só assim resolve”, concluiu.
Em visita a Petrolina (PE), Bolsonaro afirmou que Paulo Guedes deveria ir embora para a praia, caso o Congresso aprove uma “reforma de japonês”.
O maior desgaste entre governo e parlamentares é a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – pago a idosos e deficientes carentes. A equipe econômica mantém a expectativa de economizar R$ 1 trilhão em 10 anos.
Entenda a crise no governo
Guedes ameaçou deixar o governo de Bolsonaro caso a reforma seja apequenada. “Pego um avião e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar”, disse, em entrevista à revista Veja nessa sexta-feira. “Se só eu quero a reforma, vou embora para casa”, completou.
Bolsonaro rebateu. “Paulo Guedes está no direito dele. Ninguém é obrigado a ficar como ministro meu”, disparou o chefe do Executivo federal. E, na linha defendida por seu ministro da Economia, voltou a dizer que sem a reforma previdenciária “será o caos na economia”.
A declaração de Guedes irritou também o deputado federal Marcelo Ramos (PR-AM), presidente da comissão especial da Câmara que analisa os ajustes previdenciários. “Falta humildade ao ministro Paulo Guedes. O Brasil não trabalha para ele. Ele é que é empregado do Brasil“, escreveu no Twitter.