Após a morte de Joseph Lima (conhecido como Zimmerman), durante uma gravação de O Sétimo Guardião, um figurante, colega do artista, conta que a Globo cruzou os braços diante do ocorrido. “Todo mundo cagou pra isso. Não valemos nada. Se o figurante morrer num set, a gravação vai continuar”, diz.
Colegas de Zimmerman contam que, no dia de sua morte (27/2), o ator já havia chegado para as gravações reclamando de dores no peito. Foi atendido num posto médico da Globo, mas, dentro de um ônibus no qual encenava, o artista veio a óbito. “Imediatamente a senhora Rede Globo tirou ele numa maca e o levou para o hospital. A Globo diz que ele morreu no hospital para tirar o corpo fora”, lamenta o colega do falecido.
Em relação à morte de Zimmerman, a emissora carioca lamentou, declarando: “A Globo reitera que presta solidariedade e acompanha toda a assistência dada à família de Joseph pela empresa da qual era funcionário”. O rapaz, figurante há cinco anos, trabalhava pela agência de casting Luz e Cor, que teria dado total suporte ao acidente.
Conforme o site Notícias da TV, figurantes como Zimmerman ganham cerca de R$ 60 por dia, mas são descontados 11% de impostos desse valor. Além disso, devem desembolsar dinheiro para transporte e lanche. “Muitas diárias demoram mais de 10 horas, e os figurantes só ganham uma alimentação”, revela Nani Cardoso, ator e produtor de veículos de cena.
Portanto, são as agências, de forma terceirizada, responsáveis pela parceria, sem contrato, com os figurantes. Na emissora para a qual são designados, devem seguir um código de conduta. Vale ressaltar que, se tiverem seu CPF bloqueado, ficam desempregados. “Quando alguma conduta não é adequada, substituímos a agência, como em qualquer contratação de terceiros”, argumenta a Globo.
Na RecordTV, a situação parece ser pior. Uma das fontes entrevistadas conta que não há papel higiênico no banheiro dos figurantes. “Odiava trabalhar na Record. Gravava em um sol de 40 graus, com roupa de soldado, peruca, fingindo que estava lutando, saindo fogo em cima da gente”, relembra.
A fonte diz, ainda, já ter visto um colega sair todo queimado de cena após uma explosão “fictícia”, e outro ser abandonado em um hospital com o figurino usado nas gravações após passar mal. “É quase um trabalho escravo, só falta chicote na mão”, diz. Assim como a Globo, a Record diz que são as agências os meios responsáveis pelos artistas.