A atriz Angelina Jolie, 43, escreveu um artigo para a revista americana Time dizendo que as mulheres são a chave para a paz no Afeganistão.
No texto, ela escreve que “quando o Taleban tomou o poder em 1996, travou uma guerra contra as mulheres afegãs”, citando que a educação das meninas foi proibida e as mulheres foram confinadas em casa, sendo negadas a elas o direito de trabalhar.
“Elas foram açoitadas, espancadas, mutiladas e apedrejadas até a morte por suposta imoralidade. Esta não é uma história antiga. Estas são memórias vivas em milhões de afegãos”, diz.
Jolie cita que atualmente, quase um terço do parlamento afegão e do funcionalismo público é composto por mulheres, e que apesar dos diversos cargos que elas ocupam, trata-se de um progresso “inspirador, mas frágil”.
“Mulheres e meninas ainda enfrentam rotineiramente discriminação e violência”, afirma. “Eu conheci muitos pais refugiados afegãos que enfrentaram intimidação e violência por apoiarem o direito de suas filhas à educação.”
“Enquanto ninguém duvida da necessidade de paz, as mulheres afegãs querem saber que não serão traídas e que seus direitos não serão prejudicados por essas negociações. Não haverá estabilidade se um acordo de paz inaugurar uma nova era de injustiça e opressão das mulheres. Seria um resultado trágico depois de quase 40 anos de conflito no país”, diz.
Ela também afirma que as mulheres são as que mais têm a perder se o Taliban voltar ao poder e que hoje são as que têm menos espaço de voz em um processo que pode afetá-las tanto.
“À medida que as negociações continuam, e uma delegação do governo afegão se encontra com membros do Taleban, certas medidas são urgentemente necessárias”.
No artigo, Jolie faz um apelo aos Estados Unidos e outros países que lutam no Oriente Médio, para que dêem apoio às mulheres do Afeganistão e vetem qualquer tratado que não proteja seus direitos. “Mulheres afegãs não devem ser deixadas sozinhas para defender seus direitos diante de uma organização que tradicionalmente as trata como seres inferiores”, acrescentou.
“A guerra no Afeganistão tem sido a questão de política externa definidora da nossa geração. Depois de todos os sacrifícios feitos, devemos acabar com os conflitos nos termos certos. Precisamos de uma paz construída em cima de direitos humanos para que ela dure”, conclui.
Angelina Jolie atua como enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados desde 2012, participando de missões com refugiados. Ela também já doou para a instituição mais de US$ 1 milhão -a maior doação que já foi feita por uma pessoa física.