O Flamengo fugiu de suas características no clássico. Deu a bola para o adversário, que teve 60% da posse, e apostou em contra-ataques para sair na frente do placar e, assim, praticamente liquidar a fatura diante da vantagem do empate. Porém, a armadilha de Abel Braga caiu na arapuca de Fernando Diniz, que providenciou uma marcação forte para cima de Bruno Henrique, que vinha desequilibrando nos últimos jogos, e previu cada movimento do técnico rubro-negro em um Fla-Flu de xadrez. A ponto de as chances de gols terem sido muito poucas dos dois lados.
O time de Abel Braga até conseguiu três contra-ataques perigosos: um no primeiro tempo, com Gabigol e Bruno Henrique, e dois na etapa final, com Gabigol, Arrascaeta e Renê. Mas não conseguiu finalizar as oportunidades, e a melhor chance foi em uma bola parada, uma cabeçada de Rhodolfo após escanteio. Muito pouco para o que se espera de um badalado elenco. O Fluminense também não assustou muito, mas não deixou o Rubro-Negro jogar com sua marcação alta, que lhe rendeu a roubada de bola para o gol nos acréscimos.
baixa produção ofensiva escancara a necessidade de definir um time titular com o fim do revezamento. Do meio de campo para frente tem sido uma verdadeira metamorfose ambulante. Só no clássico, o time teve muitas variações: começou com Gabigol de centroavante, depois ele foi para a direita com a saída de Everton Ribeiro. Arrascaeta entrou na esquerda, mas revezava com Diego pelo meio, enquanto Bruno Henrique foi para a direita. E quando Uribe entrou centralizado, Gabigol pegou o lado direito de Bruno Henrique, que já havia substituído Everton Ribeiro. Para dar entrosamento, quanto menos se mexe melhor.
Outras observações:
- Arrascaeta pede passagem: o uruguaio ficou marcado pela falha que originou o gol do Fluminense (embora o chute tenha sido defensável para Diego Alves), mas o erro não pode esconder as ações que conseguiu após entrar: armou um contra-ataque que Renê errou o cruzamento e fez lindo lançamento para Gabigol em outro contragolpe. Tem muita técnica e merece uma chance de titular, desde que aprenda a não abusar da sorte perto da área.
- A sina de Gabigol: depois de figurar no time alternativo desde o início do Carioca, o camisa 9 teve sua primeira chance como titular na equipe principal. E como centroavante, posição onde a torcida quer vê-lo. Mas ainda não foi dessa vez que o atacante desencantou. Mostrou mais uma vez a raça que lhe é peculiar e o fez conquistar a torcida. Porém, teve só uma chance de gol em que chutou fraco. Ainda está longe de ser aquele Gabigol do Santos.
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- Substituições da discórdia: com tantas opções ofensivas no banco, Abel sempre usou suas substituições para renovar o fôlego no ataque, mas sem deixar de fazer o mesmo na marcação com a entrada de um volante. Justamente quando tinha a vantagem do empate, e contava com Piris da Motta e Ronaldo no banco, o técnico arriscou e colocou o time para frente com Arrascaeta, Uribe e Vitinho. Tentou matar o jogo, mas acabou penalizado.
- Fator emocional: foi uma semana pesada psicologicamente para os jogadores após o incêndio no Ninho do Urubu que matou 10 jogadores da base do Flamengo e feriu outros três. Em noite de homenagens e lembranças, o time parecia tenso para ganhar o jogo, com os nervos à flor da pele. Tanto que só no clássico o Flamengo tomou seis cartões amarelos, metade do que havia recebido nos sete primeiros jogos da temporada.
Com a derrota para o Fluminense, o Flamengo está eliminado da Taça Guanabara, mas já muda o foco para a Taça Rio. O Rubro-Negro estreia no segundo turno do Campeonato Carioca no dia 24, contra o Americano, às 17h (de Brasília), no Maracanã. Os jogadores se reapresentam na tarde desta sexta-feira no Ninho do Urubu. Serão 10 dias de preparação até a próxima partida, que será o primeiro dos dois testes antes da estreia na fase de grupos da Libertadores.
Fonte: G1